Freud e a transitoriedade do belo: prazer e desprazer na contemplação estética

A beleza do mundo natural e das criações artísticas serão um dia reduzidas a nada. Mesmo que o tempo não lhes modificasse, que uma nova era geológica não lhes transformasse ou que a própria ação humana não lhes destruísse, é certo que nossa estrela, o sol, em bilhões de anos deixará de emitir sua luz e calor, que toda forma de vida em nosso planeta será extinta e que, com isso, não haverá mais nenhuma lembrança de tudo que se passou neste planeta. Parece injusto, contudo, que tanta beleza tenha que deixar de existir. Que tanta perfeição não tenha propósito e seja, no fundo, sem nenhum sentido. São exigências de nossa razão prática, e quando a realidade desaponta uma ilusão, segue-se um estado de tristeza e vazio. A experiência psicológica de contemplar a beleza, ser afetado por ela e, ao mesmo tempo, sentir-se melancólico pela projeção de um fim que talvez nem venhamos a testemunhar abriga duas tendências simultâneas: o prazer da contemplação estética e o desprazer por uma fal...