Teologia da crueldade

Uma fábula de La Fontaine conta que dois cachorros viram o cadáver de um burro boiando no rio. Tendo muita fome mas não sabendo nadar para alcançá-lo, eles tiveram uma idéia: beber toda a água do rio para que o cadáver ficasse em terra seca. Eles começaram a tarefa mas em pouco tempo já estavam quase estourando e o nível do rio continuava o mesmo. La Fontaine conclui que assim são os homens quando tentam fazer o impossível.

Me lembrei dessa fábula hoje quando passava pela minha cabeça o que eu chamo (internamente, para mim mesmo) de "teologia da crueldade".Essa é aquela teologia que resgata a concepção tribalista judaica de "povo escolhido" e que despeja o resto da humanidade no inferno.

Na verdade, essa fábula me vem à mente sempre que vejo algum "reformado", aqui ou ali, tentando justificar sua teologia da crueldade e enfeitá-la com a cobertura do "amor cristão".

Os "eleitos", vestindo seu manto da humildade "Made in Paraguay", parecem sentir grande satisfação interior em serem "Os Salvos". Enquanto observam o resto do mundo desabar, tem a forte convicção de que o que virá ao resto do mundo é ainda pior no inferno de fogo. "É triste, mas é assim mesmo", dizem. "Nós não podemos entender a mente de Deus, você tem apenas que acreditar. Quem sabe você também não é salvo e faz parte do nosso clubinho?".

Sim, porque os "eleitos" são pessoas que têm mais sorte do que qualquer ganhador da mega-sena. Eles foram "escolhidos" porque "Deus é soberano", porque "Deus poderia ter escolhido a qualquer um" ou mesmo não ter escolhido ninguém.

Eles nos lembram que Deus poderia ter criado o homem para mandar a raça inteira pro inferno, mesmo sabendo de antemão, pela sua onisciência, que o homem iria pecar. Da mesma forma que qualquer pessoa poderia tomar a decisão de ter um filho apenas para descartá-lo numa lata de lixo depois.

E uma coisa que não dá pra entender é quando eles ainda falam em "restauração da cultura". Restaurar a cultura pra que? Para criar uma nova cristandade? Mas qual o sentido disso para um mundo que não tem a mínima esperança de redenção?

Essas dicussões teológicas podem assumir uma grande complexidade, mas o que eu estou expressando aqui, e tenho consciência disso, é apenas a minha reação emocional a esse tipo de doutrina teológica.

Sei que há boas razões para defender tanto a predestinação (teologia da crueldade) quanto o livre-arbítrio, e sei que muita gente, em cada um desses lados, tem uma forte convicção de estar com a verdade. Uma convicção quase tão forte quanto a de um muçulmano de que todos dois estão errados. As convicções religiosas são assim.

Daí que quando estamos neste campo de discussão, tentar convencer alguém é quase sempre tentar fazer o mesmo que os dois cachorros da fábula de La Fontaine. Ainda mais quando os "reformados" tentam nos enfiar goela abaixo que existe algum tipo de "amor" em sua teologia da crueldade. Esse tipo de doutrina teológica parece expressar, pelo contrário, muito mais o "ressentimento cristão" de que Nietzsche tanto falava.


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  1. Olá Glauber,gosteu muito de ler seu blog.
    Me responda uma pergunta?Em relação a Deus,qual é sua posição?

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  2. Olá, Aline,

    Vejo que os argumentos a favor da existência de Deus demonstram a racionalidade e a superioridade dessa crença em relação ao ateísmo.

    O universo um dia teve um início, veio de algum lugar. Ele não pode ser eterno. Se Deus não é a causa do universo, alguma outra coisa deve ser, e a essa causa filósofos como Aristóteles chamavam de "causa primeira", "motor não movido", etc.

    Mas uma coisa completamente diferente é a partir dessa informação você querer identificar essa causa do universo com o deus A, B ou C.

    De uma perspectiva racional e filosófica não é possível dar um passo a mais e identificar essa causa do universo com Krishna, Alá, Jeová ou qualquer outro. Para dar esse passo já temos que sair do campo da razão e entrar no campo da fé.

    Por essa razão eu não comprometo minha postura racional com postulados de fé. Talvez eu seja um deísta neste aspecto.

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  3. Glauber

    Justificar é liderar o kanking dos opositores.
    Por acreditar o ser humano näo tem o direito de impor os seus ideais aos outros.
    Esta é a minha postura, relativamente a diversos temas.
    Ademais, o que constato em consultório, é que, quem näo é feliz na terra, por norma procura o alëm.

    Meus cumprimentos

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  4. Interessante texto.

    De fato o que me fez deixar de ser calvinista é exatamente a incoerência de um Deus de amor sequer dar a alguém uma chance de escolher amá-Lo. É como um pai que, sabendo que o filho não tem condições de tirar nota azul no bimestre porque adoeceu e perdeu algumas aulas, diga a ele: se você tirar nota azul, te dou um video-game, se não tirar, eu te esmurro ate sangrar.

    Se Deus é o ser mais misericordioso que existe, necessariamente nossos pensamentos não podem ser mais "bons" que os dEle e, se a predestinação choca a todos nós, como pode Deus ter assim agido?

    Engraçado é o que o Ciro Zibordi disse sobre os calvinistas, "eles são calvinistas perante teólogos, mas perante a congregação são arminianos".

    Imagine um calvinista evangelizando: "Oi irmão! Sabia que se você for predestinado por Deus você será salvo independente do que você fizer?".

    O evangelizado responde: "É mesmo? Que legal! Mas e se eu não for"

    O calvinista responde: "Vixe... se mata então cara... você pode cair de joelhos e chorar sangue que você vai mesmo é para o inferno queimar para sempre hahahahahahaha"

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  5. Glauber,obrigada pela resposta.

    Estou sempre acompanhando seu blog.

    ;)

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  6. Glauber,

    Li seu comentário sobre o Kalam nos levar à conclusão da existência da "causa primeira". Obviamente, levando APENAS o Kalam em consideração, não podemos afirmar que tal "Causa Primeira" seja especificamente Deus, ou Alá, ou Brahma, etc.

    Mas, exisitiriam outros pontos que poderiam ser considerados além do Kalam, não é? Digo, coerência interna, poder explicativo, simplicidade, e indícios naturais de que aumentam ou diminuam a possibilidade de uma crença específica ser a verdadeira.

    Levando outros fatores em consideração, você "consegue" sair do deísmo ou tende a permanecer na neutralidade?

    Eliel

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  7. Eliel,

    Acho que a considerar estes critérios que você citou, a identificação dessa causa primeira com o Deus cristão trino é muito mais complicada do que com Alá, por exemplo.

    Se existe uma doutrina teológica em que não há nada de "simplicidade" ou "poder explicativo", por exemplo, é o dogma da trindade. Alá como Deus único é muito mais fácil de identificar como causa primeira do que o Deus trino.

    Além disso, o Deus trino se encarnou, se fez homem. Sabemos que tampouco no mistério da encarnação há simplicidade ou poder explicativo. A encarnação, por exemplo, pode explicar muita coisa na soteriologia, mas não vejo muita relação desta com a cosmogonia. Pelo contrário, só dificulta as coisas.

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  8. Sabemos que "Alá" é apenas um nome diferente para "Deus", portanto não se trata de "deuses diferentes" - mas de formas diferentes de falarmos sobre o mesmo Deus.

    A questão não seria "qual é o Deus verdadeiro, dentre todos os deuses possíveis", mas "qual das explicações sobre Deus existentes melhor representa-o".

    Isto muda bastante o foco da questão. Os ateus sabem disto muito bem, por isso sempre concentram seus esforços na primeira questão. Mas qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento sobre islamismo sabe, por exemplo, que se trata do mesmo "Deus de Abraão" dos judeus e dos cristãos.

    Existe outra questão também. "Simplicidade" é apenas um dos critérios que são relevantes quando vamos estabelecer a credibilidade de uma teoria - não é o único. "Poder Explanatório" e "Escopo Explicativo", como você deve saber, são apenas alguns dos demais. Se por um lado a "unicidade" da visão teísta islâmica torna a hipótese "Deus", em alguns outros critérios a crença islâmica apresenta algumas estranhesas. Por exemplo: podemos dizer que Jesus está para a fé cristã assim como Maomé está para o islamismo. Os cristãos, no entanto, sustentam sua adoração a Jesus por considerá-lo a encarnação do Logos de Deus; já entre os islamitas não há nada parecido. Maomé era apenas um profeta, mas não era divino. Era humano igual a nós, mas era superior; era santo, mas era pecador.

    Alguns aspectos específicos da fé islâmica são "estranhos" também. A "predestinação", por exemplo, lá não é algo discutível, mas certo (razão de não haver algo como o "evangelismo" lá).

    Sobre a questão da "figura" de Deus. Eu lembrei de um trecho de um debate de Craig onde o islã apresentou a seguinte crítica: "vocês cristãos adoram um homem como se ele fosse Deus". A resposta de Craig foi que os cristãos não adoram um homem como se ele fosse Deus, mas a um Deus que veio ao mundo na forma humana.

    A figura de Cristo, nestes debates tipo "islamismo vs cristianismo" tem uma posição chave. Pois, se Cristo ressuscitou dos mortos, temos razões muito boas para acreditar que suas afirmações messiânicas eram verdadeiras. E, se tais afirmações são verdadeiras, então o cristianismo é a mais plausível dentre as cosmovisões teístas.

    NESTE aspecto do debate, acredito, o cristianismo está em larga vantagem em relação ao islamismo, historicamente falando, os relatos sobre Jesus são muito mais confiáveis do que os sobre Maomé.

    Mas não deprecio a fé islâmica. Ela teve na história um valor teológico e filosófico incalculável.

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  9. Eu não acho de forma alguma que a fé cristã apresenta vantagens em relação à fé islâmica neste aspecto.

    Em primeiro lugar há intelectuais cristãos que discordam completamente da idéia de que "Alá" é apenas um outro nome para "Jeová", e com boas razões.

    O simples fato de Jesus ser esse Deus no cristianismo já mostra de que não estamos falando do mesmo Deus. Talvez o Deus dos israelitas possa estar mais próximo do Deus islâmico, mas não o cristão.

    Para ver as dificuldades que isso implica, basta tentar explicar o mistério da encarnação e essa estranha aritmética cristã, na qual três é igual a um.

    De forma alguma eu posso dizer que os cristãos estão em vantagem ao ter que tentar explicar tal coisa.

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  11. Bem, foi até mesmo um islã (chamado Muça) que me disse, em 2004 que "Alá" é a forma islâmica do nome "Deus" (assim como "God" é a palavra americana para "Deus") e o livro cristão mais conceituado nesta questão da "variedade de deuses", O Fator Melquisedeque, parece defender esta idéia.

    Acredito que estes intelectuais cristãos defendem praticamente o mesmo que eu defendo: que o pensamento islâmico sobre "Deus" é completamente diferente do pensamento cristão, mas não que se tratam de entidades completamente distintas.

    Existem duas questões, na verdade, relacionadas a "Alá". Em relação ao termo, ele é apenas a tradução islâmica para Deus (o Deus de Abraão, lembrando). E em relação ao conteúdo doutrinário islâmico, aí é outra coisa. As diferenças existem, mas as diferenças se concentram nas explicações sobre o Deus de Abraão. Ambos (cristãos e mulçumanos) acreditam que o Deus de Abraão é o verdeiro, porém, cada um tem uma explicação sobre o mesmo - explicações concorrentes. Portanto, apesar de discordar de você de que Deus e Alá são duas entidades distintas, eu concordo com os "estudiosos" citados por você que "Alá" não é apenas uma forma islâmica para Deus.

    Jesus ser uma manifestação de Deus de forma nenhuma torna "Deus" e "Alá" entidades completamente distintas. A única diferença que o fator "Jesus" trás é que, de acordo com a fé cristã Deus se manifestou na forma humana, e, na fé islâmica, Deus não se revelou a nós na forma humana.

    Sobre a "aritmética cristã", acho que você sabe o suficiente sobre teologia para saber que você atacou um espantalho. Não existe isso de "três é igual a um". O que a Teologia diz é que o "ser" de Deus é um só, em três "pessoas". Existem explicações muito simples (mas não simplistas) sobre a doutrina da Trindade.

    Por fim, eu não disse que a fé cristã está em vantagem por sua simplicidade (o que você refutou, apresentado as dificuldades). O aspecto que eu me referi sobre o qual a fé cristã está em vantagem em relação à fé islâmica é (se posso assim dizer) a relação dela (fé cristã) com a história.

    Historicamente falando, os relatos envolvendo Jesus são muito mais confiáveis do que os que se referem a Maomé. As primeiras versões do Alcorão não mencionavam milagres de Maomé, e as posteriores sim. Algumas passagens do AT (como a cena em que Abraão vai sacrificar Isaque) são estranhamente alteradas (Abraão sacrifica Ismael, no Alcorão).

    Se se levar em consideração apenas "simplicidade", a fé islâmica leva vantagem, a priori. Mas devemos considerar que "simplicidade" é um fator decisivo, quando estamos falando de algo que transcende a nossa natureza?

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  12. A questão central que vai permitir distinguir Alá do Deus cristão é o Deus encarnado.

    Você disse que "Jesus ser uma manifestação de Deus" não os tornam distintos um do outro.

    Mas Jesus não é apenas uma manifestação de Deus. Ele é um Deus distinto daquele que ficou lá em cima enquanto Ele próprio andava sobre a terra.

    Para citar uma referência bibliográfica que ambos conhecemos, veja o que o McGrath afirma no seu Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica.

    Essa idéia de um mesmo Deus se manifestando em três formas distintas, da mesma forma que a água se manifesta nos estados sólido, líquido e gasoso foi rejeitada pela igreja como heresia. O Deus cristão é formado por três pessoas distintas.

    O Deus de Abraão (do AT) pode até ser muito semelhante a Alá, mas o Deus cristão é essencialmente diferente.

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  14. Caro,
    concordo com esta asserção: "O Deus cristão é formado por três pessoas distintas." São três pessoas distintas, vivendo em comunidade perfeita.
    Argumentos como Kalam não são essencialmente teleológicos¹. Você infere uma causa primeira, mas não poderá inferir o sentido teleológico tomando como base o próprio argumento.
    Creio que o argumento cosmológico Kalam seja respeitável para demonstrar a plausibilidade de um Deus, mas não que tipo de Deus é. Assim, caso seja aceito que existe um Deus, dada a imprenscindibilidade de uma causa inteligente, suspeito que os atributos desse Deus só podem ser obtidos mediante revelação na criação. Na Bíblia, encontra-se: "Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.²"

    Saudações,
    M. V. M. de Arruda.

    1 - Conjunto das especulações que se aplicam à noção de finalidade e às causas finais.
    2 - Aos Romanos 1.20.

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  15. Glauber,

    Eu concordo com você que Jesus não é apenas uma manifestação de Deus. Tal palavra “manifestação” seja inadequada para explicar a questão. Vale lembrar que, ao mesmo tempo em que a Teologia Cristã enfatiza o aspecto “trinitário” de Deus, ela também afirma sua Unidade, sua Unicidade.

    Podemos dizer que: partindo de uma perspectiva do “ser” de Deus, Jesus seria uma “manifestação” deste “ser”. De outra perspectiva, porém, Jesus é uma das “pessoas” do próprio Deus.

    O exemplo que você citou (da água em suas três formas) é muito limitado. Eu particularmente a proposta de Tertuliano (acho que foi ele) muito mais interessante. Ele usou uma fogueira como analogia para Deus: uma fogueira emana luz e calor, além do próprio fogo. Ao mesmo tempo em que podemos dizer que calor e luz são elementos distintos do fogo (pode-se, por exemplo, estudá-los isoladamente), eles são inerentes ao mesmo, procedem dele. Também, ao mesmo tempo em que podemos dizer que a luz e o calor procedem do fogo, podemos dizer que os três surgem ao mesmo tempo. Esta analogia explicaria o Deus Trino da seguinte forma: Assim como o fogo emana luz e calor, Deus emana seu Logos e seu Espírito. O Logos e o Espírito precedem do Pai, porém, fazem parte Dele. Também, assim como luz e calor têm sua origem no fogo (e ainda assim, surgem junto com ele), o Logos e o Espírito têm sua origem no Pai, porém, ambos têm a mesma origem do Pai (não deixando assim de serem Eternos).

    É uma analogia simples? Sim. Limitada? Sim. Mas ajuda a desfazer a “contradição do 3 = 1”? Sim.

    Sobre o fato do Deus do AT ser mais parecido com Alá do que com o “Deus cristão”. Eu discordo de você, caso você esteja sustentando esta afirmação no fato de que o Deus do AT ser “absolutamente uno e ponto final” (como Alá). Existem não poucas evidências no AT de epifanias e a atribuição de status divino a coisas à parte de Deus. Um exemplo clássico é a “sabedoria”, que em Provérbios é tratada quase como um ser, um ser divino. Outro exemplo clássico é o de Gênesis, onde o termo atribuído a Deus (Elohim) tem conotação pluralista na língua hebraica. (motivo pelo qual lemos a tradução em português “Façamos o homem à nossa imagem...”).

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  16. Lembrando que: aceitar o islã como sendo a cosmovisão teísta mais coerente contrairia o objetivo deste texto (criticar a doutrina da "predestinação", o que o autor batizou de "Teologia da Crueldade"). No islã, pelo que me foi dito por um mulçumano, a soteriologia é exclusivamente determinista, ou seja, baseada na predestinação das pessoas seja para salvação, seja para condenação.

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  17. Marcus,

    "suspeito que os atributos desse Deus só podem ser obtidos mediante revelação na criação."

    Correto, eu também penso assim. Este passo adiante só pode ser dado pela fé. De uma perspectiva filosófica eu estou mais próximo de um deísta justamente por essa razão.

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  18. Eliel,

    Sobre a analogia do fogo, ela "ajuda a desfazer a 'contradição do 3 = 1'?"
    Não, de jeito nenhum.

    Não podemos perder de vista a natureza da linguagem analógica: ela é sempre limitada e não é idêntica ao que pretende ilustrar. Se fosse idêntica não seria analógica.

    É preciso cautela com uma aparente "facilidade" em "resolver" esse tipo de questão. Para a fé é realmente muito fácil resolver qualquer coisa, e qualquer resposta "mais ou menos" elaborada parece satisfatória.

    Luz e calor são propriedades do fogo. Seria absurdo dizer que Cristo e o Espírito são propriedades de Deus.

    Em lugar algum podemos ver uma manifestação de luz ou de calor sem uma fonte que os estejam emitindo.


    Sobre o islã ser a cosmovisão mais coerente, eu não disse isso porque eu não sei se é. Ela apenas me parece mais simples por não ter que responder a algumas questões que estão insolúveis no cristianismo há quase 2000 anos.

    E isso de forma alguma entra em contradição com o meu texto. Isso não é um texto apologético querendo demonstrar o que é "mais" ou "menos" coerente. Eu afirmei que ele é apenas minha reação emocional à predestinação calvinista enfeitada com a cobertura do "amor cristão".

    Precisaríamos analisar o corão e verificar se por acaso a predestinação lá não faça realmente sentido e não seja tão ambíguo como é na bíblia. Isso pode ser completamente coerente para eles.

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  19. Excelente o Blog!

    Glauber, antes de mais nada, deixe-me perguntar: você já leu o livro "Eleitos, mas livres", do Norman Geisler?

    Um abraço, fique com Deus,
    Gabriel.

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  20. O grande problema do cristianismo, Glauber, a meu ver, é o próprio cristianismo. Cristo não fala nele. Não vejo nas palavras de Jesus motivo para pensar que houvesse nEle qualquer intenção de transformar seus ensinamentos em doutrina. Creio que Ele ensinava para a vida, pois é para a Vida que ele deseja nos conduzir. Suas mensagens sim, não as do cristianismo, falavam de comunhão, amizade, altruísmo. A religião cristã se esforça a cerca de 2000 anos, complicando e maculando os ensinamentos do Mestre. As pessoas morrem e matam defendendo sua "relçigião". Ninguém jamais será morto ou matará quando o mundo tiver entendido as palavras do Senhor da Vida. Abração!

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  21. Olá, Gabriel,

    Ainda não li este livro do Geisler.

    Abraços,
    Glauber

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  22. Glauber, meu querido amigo! Eu adorei seu texto. Não tenho muito o que falar, o Júnio falou qse tudo...
    Bem, eu só tenho uma pergunta. Onde foi que tu achou essa foto? Caraca, ela eh medonha...!!!!
    Bem expressiva, mas muito esquisita..putz, me arrancou arrepios!

    haha

    Abraços

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  23. Olá, Bruna,

    Essa pintura é de Goya, e representa uma cena da mitologia grega em que Saturno devora seu filho.

    Abraços

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  24. Olá Glauber.

    Creio em Deus pela fé e venho me revoltando com os religiosos e essas doutrinas que 99,999% criadas por homens.

    O Júnior disse tudo. Jesus, como mensageiro veio ensinar coisas extraordinárias para a época e que não são, nem de longe, seguidas pela maioria dos religiosos cristãos e me incluo nisso.

    A questão é que muitas questões são desprezadas justamente por serem bandeiras de quem não as vive e isto acaba criando resistência, mesmo que inconsciente.

    Pra finalizar, eu ainda não li mas recebi uma indicação de um livro de debates entre C.S. Lewis e Freud sobre Deus e outras questões. Não sei se você já leu.

    Parabéns pelo seu blog. Muito construtivo e imparcial.

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