Ultimamente tenho ponderado muito sobre as motivações primariamente emocionais de nossas escolhas, e mais especificamente, na resistência que encontro em várias pessoas sobre as teorias de Freud - resistências essas com matrizes puramente emocionais.
Conversando certa vez com uma pessoa, travamos o seguinte diálogo:
- Ah, eu não concordo com Freud não.
- É mesmo? Por quê?
- Ah, não sei, tudo dele é sexo.
- Mas por que você acha que ele está errado?
- Tem muita gente que não concorda com ele também.
- Sim, mas por qual razão?
- Ah, não sei, eu conheço várias pessoas que também não concordam com ele.
- Sabia que Freud explica até mesmo essa sua resistência a temas sexuais?
- Hahahahaha... (meio sem graça).
É interessante notar que essa pessoa, nunca em sua vida, leu uma única obra de Freud. Não acredito ser responsável discordar de algo do qual nada se sabe.
A maioria das pessoas leigas que criticam Freud o fazem dessa forma. Quando você pede à pessoa que exponha a crítica que ela construiu sobre as teorias de Freud, o que se ouve é algo parecido com o diálogo real transcrito acima. Não restam dúvidas de que essa resistência seja puramente emocional.
Uma outra pessoa certa vez me disse que Freud era algo "outrora moderno", algo ultrapassado. Nem precisa dizer que essa pessoa também não me apresentou nem um único argumento para justificar sua afirmação.
Muitos outros, reproduzindo discursos, dizem que Freud está morto. Na verdade, já faz tanto tempo que dizem isso, que o próprio Freud ouviu essa afirmação enquanto vivo. Na época diziam que a psicanálise estava morta. A essa afirmação ele respondia:
“Afinal de contas, ser declarado morto é melhor do que ser enterrado em silêncio.”
(FREUD, Sigmund. A história do movimento psicanalítico)
acabei de notar que eu tb nunca li nenhuma obra do Freud! Acaba de entrar pra minha lista de 'próximos livros'. Já escutei falarem mesmo que 'tudo dele é sexo'. Bom, o corpo humano é tão complexo que eu não acho que tudo se resuma a isso. MAS ainda não li o que ele fala sobre as coisas, então tiro minhas conclusões depois..
ResponderExcluirSobre "algumas críticas à Freud, eu só tenho a dizer que ele como os demais e respeitados(e respeito mesmo)psicólogos, são muitas das vezes loucos. Primeiro que Deus não tolera consultar as mentes das pessoas. As pessoas podem não acreditar na bíblia, mas a verdade que tudo que o homem pensa, faz, sente, planeja, descobre e inventa já está registrado na palavra de Deus que é a própia BÍBLIA.
ResponderExcluirAntônio,
ResponderExcluirPor que você acha que "Deus não tolera consultar as mentes das pessoas"?
E por que você acha que bíblia é "a verdade"?
Como você pode demonstrar essas suas afirmações de conhecimento?
Estou a procura de comentários sobre a obra de Freud, já que sou um estudante e psicologia, e desejo saber sobre para não seguir ou me fundamentar em algo não viável,; no entanto agora me faço mas consciente da importnate necessidade de ler suas obras para poder formular uma ideia ou mesmo uma crítica sobre ele. Porém, é um absurdo sem igual alguém afirmar, como está acima, que Deus não tolera consultar as mentes das pessoas", com um tom de religioso; sou cristão convicto, e tenho um grande zelo pela apologética bíblica, no entanto, lamento ao ver um comentário tão infeliz como este, que acaba levando outros a discriminar todos os que possuem uma opção religiosa como "ignorantes". Tal afirmação de que Deus condena nem base teológica possui.
ResponderExcluirnem todos que discordam de freud, discordam só por discordar. os estágio fálico proposto por ele diz que a criança com três anos se masturba!!! voces se masturbavam com essa idade? masturbar é Provocar o orgasmo em, pela fricção da mão ou por meio de instrumento adequado( Aurélio) e orgasmo é o mais alto grau de excitação dos sentidos ou de um órgão, especialmente o acme do ato sexual. é um absurdo a palavra "masturbação" ser usada nesse contexto!!!
ResponderExcluiralém disso eu nunca senti atração sexual pela minha propria mãe(conflito edípico), e muito menos por adultos do mesmo sexo que o meu( como propoe freud em seu estágio de latência).
Victor,
ResponderExcluirA incompreensão sobre a obra de Freud que você expressa em seu comentário é a mais comum que encontramos entre os "críticos" de Freud.
Freud trabalhava com o inconsciente. Praticamente ninguém vai "lembrar" que tinha atração sexual pela sua mãe. E além disso, este conceito de "sexual" em sua obra não é o mesmo do senso comum.
Geralmente relacionamos "sexual" a "genital", mas não é este o sentido da palavra em Freud. O prazer do bebê em sugar o seio da mãe já é sexual, por exemplo.
Daí já podemos ver como o "sexual" de que fala Freud é incompreendido e "criticado" sem conhecimento de causa...
Olá a todos.
ResponderExcluirRealmente os conceitos com que Freud teorizava são bastante mal-interpretados devido ao fato de possuírem um correspondente no senso-comum, correspondente este que os críticos mal-informados acabam levando em conta ao procurarem entender as ideias do criador da psicanálise. No entanto, apesar de ser um admirador de Freud, tive que me render às críticas muito bem fundamentadas de Richard Webster, no seu livro "Por que Freud errou". De acordo com Webster, a psicanálise não pode ser encarada como ciência, já que tem um apelo muito "literário" e até mesmo "metafísico". Alguém já leu "Por que Freud errou"? Freud teria sido um excelente romancista psicológico, ao nível de Dostoeivsky, se tivesse enredado pelo mundo da literatura de ficção. Mas suas ideias, de acordo com Webster, estão longe de ter este caráter científico que arrrogam.
Glauber Ataíde é um dos mais completos intelectuais brasileiros na interpretação do inconsciente e da própria psicanálise de Freud. Seu nome, que lembra o genial Gláuber Rocha, deve ser lembrado sempre como o mais importante estudioso brasileiro da obra de Freud. Saudações psicanalíticas ao excelente blog do Glauber Ataíde. Blog do Professor Tim - timraimundo.blogspot.com
ResponderExcluirNão vejo como a teoria sexual ainda é comumente aceita como verdade. Bom, vou começar do começo. O Freud era um neurologista que tratava da histeria que assolava as mulheres da alta sociedade européia. Pois bem, naquela época, a sexualidade feminina era um tabu. Obviamente, várias patologias iriam se originar dessa repressão. Freud viu a relação entre as neuroses e a sexualidade e generalizou o princípio patológico, se valendo da ideia de que toda a experiência humana se pautava em desejos inconscientes cuja força motriz seria a energia psíquica de caráter sexual. Ele cunhou a ideia geral, que deveria ser um paradigma mas que acabou virando dogma, no qual, a experiência humana foi reduzida. Freud acreditou ter encontrado a arché da psique. E a partir dessa premissa, que hoje vemos ser insustentável, ele criou toda uma doutrina, cujos elementos que as tornavam contraditória foram ou negligenciados ou incorporados por meio de jogos hermenêuticos costurados dentro do espaço teórico do inconsciente. Veja, o inconsciente, por definição, não é um fenômeno, ou seja, não sabemos o que ele é de fato, porque não temos acesso a ele, nos somente percebemos suas manifestações e somente delas podemos tirar tal noção, portanto, Freud se mostrava leviano, porque várias de suas afirmações sobre tal profundidade anímica são completamente arbitrárias, sem observação, simplesmente serviam para costurar suas inconsistência teóricas, ou seja, grande parte da teoria dele foi tirada de seu ânus. O problema é o seguinte, se você ler a obra dele, de fato, faz sentido e é lógico, mas só porque uma teoria faz sentido e é lógica, não quer dizer que ela corresponde ao fenômeno. Se caso mudassem a ideia principal da psicanálise Freudiana, a sexualidade, por qualquer outra coisa importante da experiência humana e a articulasse entre as manifestações do ser através das hermenêuticas, daria certo. Pode-se substituir a sexualidade por felicidade, por exemplo, ou poder. Um psicanalista, inclusive, contemporâneo de Freud, vai vir fazer isso, considerar o fator principal do ser humano o poder, e não sua sexualidade. Ele se chamava Alfred Adler, e adivinha? Sua teoria era lógica e fazia sentido. Frequentemente, Freud, ao invés de fazer sua teoria se encaixar nos fenômenos, ele fazia o fenômeno se encaixar na teoria através dessas "costuras" que eu disse anteriormente. O que torna ainda mais surpreendente sua aceitação, já que a pós-modernidade bebe das teorias de Karl Popper, como a da falsificação e, aplicando tal teoria à psicanálise, o estrago é irreparável, pois a psicanálise e altamente falsificável.
ResponderExcluirPositivista como era, Freud acreditava no determinismo psíquico. Para ele, toda a experiência humana era efeito de uma causa, ou seja, todos os fenômenos eram produtos de uma relação de causa e consequência, sendo que, se fosse possível saber todas as variáveis do sistema mental, seria possível prever, com absoluta precisão, todos os resultados subsequentes das cadeias causais. Tal pensamento, para início de conversa, se mostra obsoleto diante da probabilismo quântico e da teoria do caos. O que eu quero dizer com isso? Sir Isaac Newton quando formulou o princípio das leis mecanicistas do universo, ele criou o paradigma de que todo o cosmos seria regido pela consequência e a causa. Inspirado nesse pensamento, surgiu uma corrente filosófica chamada positivismo, inaugurada por Augusto Comte, que acreditava na certeza e vangloriava o determinismo, pois, se tudo é causa e consequência, o mundo é mecanicista, toda a experiência humana se reduz a um estado previsível de desdobramento. No entanto, com o surgimento da física quântica, que fica mais forte com o passar do tempo, percebemos que a mecânica clássica não se aplica ao universo microscópico, pois seus fenômenos não são de natureza determinística, somente probabilística. A noção espaço-temporal é diferente em dimensões quânticas, os elétrons, por exemplo, não têm seu posicionamento definido, não por falta de aparato tecnológico para experiencia-lo, mas porque sua natureza é indeterminada, ele está em vários lugares ao mesmo instante que não está em lugar nenhum, só sendo definido a posteriori, quando observado. A teoria do caos é outro golpe dado na boca do estômago da psicanálise e sua ideologia filosófica, pois, segundo essa teoria, metaforicamente, o bater de asas de uma borboleta no ocidente pode gerar um furacão no oriente, ou seja, mesmo em um sistema determinístico, as determinações são de difícil conclusão, beirando ao impossível, porque existem tantas variáveis dentro de um sistema, que tal desejo se torna infundado. Portanto, a premissa na qual a psicanálise se pauta para estabelecer suas interpretações descabidas e unilaterais são falsas! E, o modo pelo qual ela analisa, através de uma cadeia causal rígida e inflexível, é falso! E isso compromete a confiabilidade da psicanálise enquanto método.
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