Jornadas de junho: análise da falsa consciência nas manifestações

Se há um ponto claro, pouco controverso ou talvez até mesmo consensual sobre as jornadas de junho é que elas realmente não foram apenas por "vinte centavos". As múltiplas, variadas e descentralizadas reivindicações dos mais diversos setores sociais que compuseram este fenômeno, ao invés de esclarecer, parecem, ao contrário, encobrir, dificultar, disfarçar os motivos reais que acredita-se estarem por trás daqueles exibidos nos cartazes. A tese de que haveria um sentido mais profundo, velado, subjacente e determinante do que se revelou na superfície das manifestações nos remete a Karl Marx e Sigmund Freud, chamados por Paul Ricoeur de "mestres da suspeita", ou mestres da "escola da suspeição" . Para o filósofo francês, o que se pode encontrar de comum nas obras de ambos são procedimentos de desmistificação. Tanto Marx quanto Freud partem de uma suspeita em relação às ilusões da consciência, tomada em sua totalidade como "falsa consciência", e então...