Precisamos de amigos para viver feliz? Sêneca sobre Epicuro e a amizade

Nos três últimos anos de sua vida, o filósofo romano Sêneca (4 a.C. – 65 d. C.) trocou uma série de correspondências com um destinatário chamado Lucílio. Dele sabemos apenas que foi um procurador romano na Sicília, e além dessas cartas, nenhuma outra fonte da antiguidade o menciona. Mestre e discípulo conversavam sobre diversos assuntos. Em uma dessas cartas – cuja existência conhecemos apenas pelas referências de Sêneca -, Lucílio pergunta se o filósofo grego Epicuro tinha razão ao afirmar que o sábio bastaria a si mesmo, e que não precisaria de nada externo a si para viver feliz, nem mesmo de amigos. Seria possível uma vida sem amigos? Precisamos deles para ter uma vida plena e feliz? Sêneca responde que a reflexão de Epicuro deve ser entendida no sentido de que, mesmo que o sábio se baste a si mesmo e possa viver sem amigos, ele não deseja isso. Tomada em seu contexto, a afirmação é uma resposta aos estoicos, os quais afirmavam que a ataraxia , ou uma paz inter...