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Mostrando postagens de abril, 2018

O que é amor platônico? Seu verdadeiro significado em "O banquete", de Platão

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O amor platônico não é um amor idealizado, distante, em que o amante não revela seu desejo à pessoa amada, sem contato físico ou relação sexual. Esta visão do amor, na verdade, devemos muito mais ao romantismo do que propriamente a Platão 1 . Para compreendermos o que o filósofo grego entendia por amor, voltemo-nos para a obra em que ele mais se ocupa do tema, que é O banquete . O livro tem este título porque o diálogo se passa literalmente em um "banquete", no qual vários convidados estão discutindo o tema do amor e apresentando suas opiniões. A tradução  "banquete", porém, é enganosa, pois o nome grego original é "Symposia", que se referia a um tipo de festa na antiga Atenas que não envolvia a consumação de comida, mas apenas de bebidas. As pessoas comiam antes de participar destes eventos, chegando lá já satisfeitos. Em português, o termo "banquete" se refere principalmente à comida, o que acaba encobrindo e desvirtuando um pouco o significa...

David Hume: causa e efeito são meros produtos do hábito

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Imagine o momento em que Adão é criado por Deus, já adulto. Ele então é colocado diante de uma fogueira e tem que dizer o que acontecerá se um objeto for colocado no fogo. Seria possível a Adão inferir que do fogo sairá fumaça, sendo que ele nunca viu algo se queimando antes? David Hume afirma que não. Que todo o nosso conhecimento advém da experiência, e que o próprio conceito de causa e efeito são meros produtos do hábito. E mais: que a nossa capacidade de prever eventos futuros, baseados na causalidade, não é nada mais que costume, e que não podemos garantir que as coisas futuras continuarão sendo como as passadas. Hume usa o exemplo de um jogo de sinuca para ilustrar a relação típica entre causa e efeito. Após uma bola de bilhar em movimento tocar uma segunda, esta também entra em movimento. É evidente, afirma Hume, que as duas bolas se tocaram antes que o movimento de uma fosse comunicado à outra, e que não houve intervalo entre o choque e o movimento. Assim, contiguida...

Como não estragar uma conversa, ou sobre a arte de conversar

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Conversar não consiste apenas em falar e ouvir. Conversar é uma arte, uma performance que envolve duas ou mais pessoas. Talvez poderíamos até mesmo dizer que a conversação é um jogo no qual todos ganham, em que não há vencedor e perdedor, mas que possui, como toda disputa, certas regras mais ou menos definidas. Foi para tentar salvar a tradicional arte da conversação, que parecia em declínio em sua época, que o enciclopedista francês André Morellet publicou em 1812 "Sobre a conversação" , ensaio no qual enumera os onze principais vícios que estragam qualquer conversa. Estes erros são 1) a desatenção; 2) o hábito de interromper e falar vários ao mesmo tempo; 3) o afã exagerado de mostrar espírito; 4) o egoísmo; 5) o despotismo ou o espírito de dominação; 6) o pedantismo; 7) a falta de continuidade na conversação; 8) o espírito de pilhéria; 9) o espírito de disputa; 10) a disputa e 11) a conversação particular em substituição à conversação geral. Vamos falar sobre algun...