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Mostrando postagens de dezembro, 2009

Comportamento no trânsito: psicanalisando e filosofando um pouco - Parte II

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No texto anterior ensaiamos que algumas das prováveis causas de uma "baixa" ou de um "enfraquecimento" da atuação do ego e do superego na atividade psíquica do motorista ao volante podem ser as falsas sensações de segurança e de invisibilidade. No entanto, isso não explica tudo. Percebemos um comportamento agressivo e também inconsequente mesmo quando essas falsas sensações parecem não estar presentes, e me refiro aqui especificamente ao caso dos motoqueiros. O condutor de uma motocicleta está numa situação completamente oposta à do condutor de um veículo. Ele está completamente exposto a acidentes e não pode ter nenhuma expectativa de privacidade. Mas sua imprudência, todavia, é notável. Nestes, mais do que naqueles, a predominância do princípio de prazer é ainda mais evidente, dado que uma conduta racional de seu veículo, baseada nas probabilidades de uma fatalidade em caso de acidente resultaria em um comportamento totalmente avesso ao que presenci...

Comportamento no trânsito: psicanalisando e filosofando um pouco - Parte I

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Ouvi em um noticiário há pouco tempo uma discussão sobre trânsito. Os apresentadores se questionavam sobre como era possível que pessoas absolutamente "calmas" e "normais" em seu cotidiano se transformassem completamente quando estão ao volante. Isso me remeteu a um comentário de Freud em seus "Três ensaios sobre a sexualidade", no qual ele diz que as perversões sexuais muitas vezes ocorrem de forma isolada em indivíduos que são "normais" em todas as outras áreas. O comportamento no trânsito, de forma semelhante, nem sempre reflete a personalidade do motorista. Pelo menos não aquela consciente. Já em um outro jornal, vários dias depois, um conhecido jornalista ensaiou uma interpretação psicanalítica do comportamento agressivo ao volante. Neste seu esboço ele dizia que um indivíduo, talvez por um complexo de inferioridade ou por se sentir "passado pra trás" na vida, no amor ou nos negócios, não permitirá que ninguém o "ultrapasse...

Id, ego e superego – uma topografia hipotética do aparelho psíquico

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A psicanálise surgiu como um método de tratamento das neuroses. O objetivo de Freud, enquanto médico, era oferecer alívio e cura aos distúrbios de seus pacientes. Depois de décadas de pesquisa e prática clínica, no entanto, ela se tornou uma teoria geral da mente, uma terapia para os problemas anímicos, um instrumento de investigação e uma profissão. Trata-se de um complexo fenômeno intelectual, médico e sociológico. (WARD, ZÁRATE, 2002). Como um teoria da mente humana, ela fornece uma topografia hipotética do aparelho psíquico dividido em três sistemas, a saber: inconsciente, pré-consciente e consciente. Mas como afirma Tallaferro (1996), eles não devem ser concebidos como estruturas rígidas e delimitadas em três planos distintos. Antes, devem ser considerados como forças, como investimentos energéticos que se deslocam de certa forma, que têm um tipo de vibração específico. Dentro desses campos ou “regiões”, encontram-se as três instâncias chamadas id, ego e superego . O id...