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Mostrando postagens de maio, 2008

Freud explica: por que as mulheres gostam de flores?

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Uma interessante possibilidade de explicação da afinidade das mulheres pelas flores, de cunho psicanalítico, foi sugerida por Sigmund Freud. Esse tipo de fenômeno pede por uma explicação que contemple a psique humana em suas profundezas, pelo fato de não ser característico apenas de nossa cultura ou de nossa época. De fato, encontramos registros literários que datam de centenas de anos sobre essa afinidade. Freud, em sua obra "A interpretação dos sonhos", faz um breve comentário sobre o possível significado do ato de troca de flores entre amantes. Antes de prosseguir, no entanto, precisamos compreender algumas coisas sobre simbolismo. Um símbolo, grosso modo , é um tipo de representação que remete a uma outra realidade ou objeto. Os símbolos têm uma constante atuação em nossa vida psíquica, seja em nossos sonhos ou em estado de vigília. Alguns símbolos são considerados universais. Podemos citar, como exemplo, sonhos em que crianças ou pessoas estão saindo da água (mar, pisci...

A descartabilidade dos relacionamentos - ficar, namorar e casar

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A fluidez dos relacionamentos contemporâneos e a velocidade em que um número exorbitante deles tem se desfeito é uma marcante característica de nossa pós-modernidade. O que poderia explicar o fracasso de tantos relacionamentos e casamentos em nossos dias? E o que dizer do fenômeno do "ficar", tão comum principalmente entre os jovens? A Sociologia fornece algumas ferramentas que nos auxiliam a pensar a questão. O materialismo histórico, de Karl Marx, pontua que são as condições materiais da vida concreta do homem que moldam a sua forma de ser e pensar. Para ele, a produção de idéias está diretamente ligada à atividade material humana. A consciência é um produto social como um reflexo do contexto social mais próximo. Isso significa, no presente caso, que podemos encontrar na vida concreta, material, os elementos que moldam nossa forma de conceber e viver os relacionamentos. A partir desse apontamento, começemos por observar que nossa sociedade pode ser caracterizada como a ...

Religião do consumo

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O "Financial Times", de Londres, noticiou que a Young & Rubicam, uma das maiores agências de publicidade do mundo, divulgou a lista das dez grifes mais reconhecidas por 45.444 jovens e adultos de 19 países. São elas: Coca-Cola (35 milhões de unidades vendidas a cada hora), Disney, Nike, BMW, Porsche, Mercedes-Benz, Adidas, Rolls-Royce, Calvin Klein e Rolex. "As marcas constituem a nova religião. As pessoas se voltam a elas em busca de sentido", declarou um diretor da Young & Rubicam. Disse ainda que essas grifes "possuem paixão e dinamismo necessários para transformar o mundo e converter as pessoas em sua maneira de pensar". A Fitch, consultoria londrina de design, no ano passado realçou o caráter "divino" dessas marcas famosas, assinalando que, aos domingos, as pessoas preferem o shopping à missa ou ao culto. Em favor de sua tese, a empresa evocou dois exemplos: desde 1991, cerca de 12 mil pessoas celebraram núpcias nos parques da Disney...

TV - "a gente se vê por aqui"

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É possível proceder a uma análise da televisão por diversos caminhos, de diversas maneiras. Com esse mesmo termo, "TV", posso me referir, entre outras coisas, tanto a um aparelho eletrônico quanto a um determinado tipo de programação. Sendo de orientação psicanalítica a abordagem desta pequena reflexão, a TV a que me refiro neste momento se limita a obras de ficção, novelas, filmes, programas de auditório, reality shows, etc. Isso é, a esse tipo de programação que diz respeito a entretenimento. O slogan da Rede Globo, " a gente se vê por aqui ", é uma das mais perfeitas expressões sobre o que é a televisão, neste sentido. Entretanto, a TV é muito mais do que uma simples expressão do que somos na realidade: ela é também aquilo que gostaríamos de ser. A TV expressa o nosso ideal de ego e, de forma análoga aos sonhos, satisfaz de maneira "virtual" os nossos desejos inconscientes. As pessoas não assistem a programas com os quais elas não se identificam. Há uma...

Sobre algumas "críticas" a Freud

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Ultimamente tenho ponderado muito sobre as motivações primariamente emocionais de nossas escolhas, e mais especificamente, na resistência que encontro em várias pessoas sobre as teorias de Freud - resistências essas com matrizes puramente emocionais. Conversando certa vez com uma pessoa, travamos o seguinte diálogo: - Ah, eu não concordo com Freud não. - É mesmo? Por quê? - Ah, não sei, tudo dele é sexo. - Mas por que você acha que ele está errado? - Tem muita gente que não concorda com ele também. - Sim, mas por qual razão? - Ah, não sei, eu conheço várias pessoas que também não concordam com ele. - Sabia que Freud explica até mesmo essa sua resistência a temas sexuais? - Hahahahaha... (meio sem graça). É interessante notar que essa pessoa, nunca em sua vida, leu uma única obra de Freud. Não acredito ser responsável discordar de algo do qual nada se sabe. A maioria das pessoas leigas que criticam Freud o fazem dessa forma. Quando você pede à pessoa que exponha a crítica que ela co...

A questão do mal em Agostinho

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Agostinho foi uma das grandes mentes do Ocidente que tentou resolver o chamado “problema filosófico do mal”. Sua abordagem da questão não foi apenas prática, mas brilhante. Existem dois diferentes aspectos neste problema. Uma maneira de abordar a questão da origem do mal é levantando um silogismo (uma série de afirmações que formam um argumento coerente: 1) Deus criou todas as coisas; 2) o mal é uma coisa; 3) portanto, Deus criou o mal. Se as duas primeiras premissas são verdadeiras, então a conclusão é inescapável. Essa formulação, se sustentada, é devastadora para o cristianismo. Deus não seria bom se ele tivesse criado o mal. Agostinho percebeu que a solução estava relacionada à questão: o que é o mal? O argumento acima depende da idéia de que o mal é uma coisa (veja a segunda premissa). Mas e se o mal não for uma "coisa" nesse sentido? Então o mal não precisaria ser criado. Então, sua busca pela fonte do mal irá por outra direção. Agostinho abordou a questão por um ân...