O ponto de vista do "equilíbrio" entre os extremos, enquanto princípio de posicionamento político, em nada difere do ponto de vista do "extremismo" do qual ele se supõe antípoda. Ao postular, de maneira abstrata, o "meio termo" como único ponto de vista razoável e excluindo-se, de antemão, a possibilidade de que em algum momento concreto a melhor resposta possa se encontrar fora do centro, a teoria do "equilíbrio" torna-se dogmática, fanática e intolerante. Ela é característica do pequeno-burguês, do médio classista, e não é muito mais do que reflexo em sua consciência do próprio lugar que ocupa no processo de produção. Isso é, seu porta-voz, por não ser nem burguês e nem tampouco se identificar com a classe operária, é oscilante, vacilante, está sempre no meio de tudo.
A possibilidade de superação do "extremismo" não se encontra no "equilíbrio", mas na abertura ao contingente e à possibilidade de adotar medidas que possam estar em qualquer frequência do espectro. É apenas a análise concreta da situação concreta que pode decidir. A postulação apriorística do ponto de vista do "equilíbrio" político não passa de dogmatismo pequeno-burguês que se apresenta como "abertura intelectual". Ao tentar combater o "extremismo", contudo, ele apenas reproduz o vício de quem ele se pensa antípoda, caindo nas malhas das antinomias da razão (ou das antinomias do pensamento burguês, como critica Lukács).
Fora do âmbito político reconhece-se facilmente que este princípio é incapaz de orientar a vida. Um médico, por exemplo, jamais poderia, de antemão, se recusar a proceder à amputação de um membro se a situação assim o exigisse. Na política, contudo, uma medida analogamente radical é excluída a priori pela teoria do "equilíbrio". Sua justificativa é apenas petição de princípio: deve-se optar pelo meio porque todo extremo é "ruim". A moderação nos hábitos e atitudes, se indica o caminho da conservação daquilo que é, nada pode dizer quando é necessária a transformação, a recuperação, a salvação, o salto, a ruptura, o excepcional. A conservação pode, em muitos casos, significar a não-conservação, isso é, a própria morte. Uma amputação não realizada pode levar todo um organismo a óbito. Ser "equilibrado" a todo custo, enquanto princípio abstrato de ação que exclui todas as possibilidades fora do centro, em nada difere de qualquer outra posição igualmente excludente de todas as outras, tal como o extremismo. O "equilíbrio" se tornou, assim, ele mesmo extremismo, um extremismo do meio.
Fora do âmbito político reconhece-se facilmente que este princípio é incapaz de orientar a vida. Um médico, por exemplo, jamais poderia, de antemão, se recusar a proceder à amputação de um membro se a situação assim o exigisse. Na política, contudo, uma medida analogamente radical é excluída a priori pela teoria do "equilíbrio". Sua justificativa é apenas petição de princípio: deve-se optar pelo meio porque todo extremo é "ruim". A moderação nos hábitos e atitudes, se indica o caminho da conservação daquilo que é, nada pode dizer quando é necessária a transformação, a recuperação, a salvação, o salto, a ruptura, o excepcional. A conservação pode, em muitos casos, significar a não-conservação, isso é, a própria morte. Uma amputação não realizada pode levar todo um organismo a óbito. Ser "equilibrado" a todo custo, enquanto princípio abstrato de ação que exclui todas as possibilidades fora do centro, em nada difere de qualquer outra posição igualmente excludente de todas as outras, tal como o extremismo. O "equilíbrio" se tornou, assim, ele mesmo extremismo, um extremismo do meio.
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