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Mostrando postagens de abril, 2016

Equilíbrio e extremismo na política: antinomia da razão?

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O ponto de vista do "equilíbrio" entre os extremos, enquanto princípio de posicionamento político, em nada difere do ponto de vista do "extremismo" do qual ele se supõe antípoda. Ao postular, de maneira abstrata, o "meio termo" como único ponto de vista razoável e excluindo-se, de antemão, a possibilidade de que em algum momento concreto a melhor resposta possa se encontrar fora do centro, a teoria do "equilíbrio" torna-se dogmática, fanática e intolerante. Ela é característica do pequeno-burguês, do médio classista, e não é muito mais do que reflexo em sua consciência do próprio lugar que ocupa no processo de produção. Isso é, seu porta-voz, por não ser nem burguês e nem tampouco se identificar com a classe operária, é oscilante, vacilante, está sempre no meio de tudo. A possibilidade de superação do "extremismo" não se encontra no "equilíbrio", mas na abertura ao contingente e à possibilidade de adotar medidas que pos...

La Maison Dieu, da Legião Urbana

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A história desta música diz que Renato Russo hesitou lançá-la no último álbum da Legião Urbana para não "comprar briga" com os militares. E, de fato, ela só saiu no disco póstumo "Uma outra estação". Nesta letra ele denuncia a ditadura militar, a prática de torturas, chama o exército de "merda" e diz que "Não, nunca poderemos esquecer \ Nem devemos perdoar \ Eu não anistiei ninguém". É uma espécie de blues elétrico, de atmosfera carregada, que evoca o clima do que realmente foram os anos de chumbo. Esta montagem que fizeram no Youtube também ficou interessante. "Eu sou a pátria que lhe esqueceu O carrasco que lhe torturou O general que lhe arrancou os olhos O sangue inocente de todos os desaparecidos O choque elétrico e os gritos Parem, por favor: isso dói [...] Eu sou a lembrança do terror De uma revolução [de 1964] de merda De generais e de um exército de merda Não, nunca poderemos esquecer Nem devemos perdoar E...

A Introdução ao Tratado sobre a Natureza Humana, de David Hume

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Na Introdução ao seu Tratato sobre a natureza humana Hume inicialmente constata que, ao surgir uma nova filosofia ou ciência, nada é mais natural a seus proponentes do que louvar suas próprias descobertas e diminuir os sistemas anteriores. Cada novo sistema, entretanto, contém as mesmas fraquezas daqueles que julgam superar. Princípios postulados por crença, conseqüências deficientemente deduzidas a partir desses, falta de coerência entre as partes e de evidência no todo são algumas de suas características. Nada existe nestes sistemas, afirma Hume, que não esteja sujeito a debates e discordâncias, mesmo as questões mais triviais. O preconceito à metafísica em geral surge deste cenário, onde tudo é colocado sob suspeita. Abandonar a busca pela verdade, contudo, é injustificável. Se a verdade está ao alcance da capacidade humana, ela certamente se encontra em camadas muito profundas, e não se chega até lá sem dores, falhas e percalços. É evidente que todas as ciências têm um...