Dizer que "contra fatos não há argumentos" parece ser uma afirmação devastadora. Quem usa este clichê geralmente pretende encerrar a discussão como seu vencedor inconteste. A ideia é que uma referência à "realidade" seria capaz de provar a validade do que se está debatendo, pondo fim a meras e frágeis especulações teóricas. Este recurso tem alguma força, contudo, apenas em um debate entre "consciências ingênuas", como afirmava o filósofo alemão George Wilhelm Friedrich Hegel. Seus leitores sabem que os "fatos", na verdade, não são tão "fatos" assim. Afirmar que "contra fatos não há argumentos" pressupõe que é possível ter acesso direto à realidade, de forma imediata (sem mediações). Este nível de consciência é tão elementar que, em sua Fenomenologia do Espírito , obra que descreve a "experiência da consciência" em sucessivos estágios, Hegel lhe coloca logo no primeiro capítulo. Pensar que é possível ac...
Algumas peças do vestuário humano são indispensáveis, se considerarmos que sua função básica é proteger o corpo contra os extremos do frio e do calor, assim como encobrir decorosamente algumas de suas partes. Outras peças, no entanto, cumprem apenas funções periféricas, acessórias. Vamos analisar brevemente, de uma perspectiva psicanalítica, o uso de uma dessas peças acessórias: a gravata. Se considerarmos uma calça, por exemplo, verificamos que ela tanto cumpre a função de proteger o corpo do ambiente externo quanto de encobrir algumas de suas partes. Mas alguns acessórios, mesmo que não cumprindo nenhuma dessas funções básicas, são todavia de grande utilidade, como o cinto, por exemplo. Ele cumpre a função de manter a calça suspensa e rente à cintura, e seria impossível a algumas pessoas usar determinadas calças sem o seu auxílio. Mas algumas peças acessórias, além de não cumprirem nenhuma das funções básicas do vestuário (justamente por serem acessórias), não têm nem mesmo ...
Este breve texto é um resumo de Psicologia de massas e análise do eu , de Sigmund Freud. A obra foi finalizada em março de 1921, sendo publicada cerca de três ou quatro meses depois, no original em alemão. A primeira tradução em inglês apareceu logo em 1922, realizada por James Strachey, incorporando algumas poucas alterações orientadas pelo próprio Freud. O título da obra indica as duas direções em que a investigação se move: ela busca esclarecer, por um lado, a psicologia de massas, tendo em vista as mudanças que esta exerce no indivíduo, e investiga também, por outro, a estrutura da psique, dando continuidade a um tema já abordado em Além do princípio do prazer (1920) e retomado posteriormente em O ego e o id (1923). Nosso resumo foi realizado a partir do original em alemão. I Freud inicia dizendo que a diferença entre psicologia individual e social (ou de massas) perde cada vez mais sua importância à medida que analisamos o assunto. De forma geral, podemos dizer que a psicologia ...
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