Calvinistas conservadores: "nem esquerda, nem direita..."
Todo mundo conhece alguém que tenta ser comedido em suas posições políticas afirmando não estar em nenhum espectro das opções "esquerda" e "direita".
Se perguntado se é de um lado ou de outro, afirma não ser de nenhum deles. É verdade que existe o "centro", que reuniria características de ambos, mas o problema é que esse indivíduo nem "centrista" é. Diz estar "acima" dessas posições.
Mas o que dá para perceber é que esses aí, na maioria das vezes, são apenas direitistas envergonhados que ainda não saíram do armário.
Os últimos deste tipo com quem tive um "debate" se dizem "cristãos", e alguns destes, "calvinistas". Quanto a esses, seu objetivo, de forma geral, é implantar um estado teocrático governado pelo teólogo-rei.
Sim, não seria mais o filósofo-rei da República de Platão, mas o teólogo-rei calvinista, pois só este, apesar de sua "depravação total" (uma doutrina calvinista, para quem não conhece), recebeu iluminação suficiente dos céus para "corrigir" sua mente afetada pelo pecado e contemplar as verdades divinas (o Bem, diria Platão). (É a velha vontade de potência do sacerdote, diria ainda Nietzsche).
Então, não estão nem na esquerda, nem na direita, mas "acima" (!!) disso tudo.
Mas trazendo o calvinista de volta das nuvens, para o mundo real, para a terra, uma única pergunta deve ser suficiente para desmascarar sua evasiva envergonhada de direitista não assumido.
A questão é: qual será o modo de produção de sua sociedade teocrática aqui na terra? A quem pertencem os chamados meios de produção - fábricas, terras, máquinas, etc? São propriedade de alguns poucos indivíduos que se enriquecem às custas da extração de mais-valia dos trabalhadores ou são propriedade social?
Essa resposta vai definir quase tudo, pois é principalmente o tipo de propriedade dos meios de produção em sua sociedade que apontará onde realmente se situa o calvinista.
A evasiva a um posicionamento político já é um posicionamento político. Se dizer "neutro" aqui é como se dizer "imóvel" num barco arrastado por uma correnteza. Pode-se não remar contra a maré, mas cruzar os braços não significa não estar indo a lugar algum.
P.S.: Na foto, um marxista, de camisa vermelha, tira um calvinista do armário.
P.S.: Na foto, um marxista, de camisa vermelha, tira um calvinista do armário.