Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2011

Peça Radiofônica: "A árvore de Natal na casa do Cristo", de Dostoiévski

Imagem
No post anterior compartilhamos "A árvore de Natal na casa do Cristo", um pequeno escrito de Dostoiévski carregado de grande sensibilidade. Dando sequência ao surto dostoievskiano que acometeu hoje este blogueiro, compartilho novamente a mesma obra, mas agora em uma versão radiofônica.  Você pode ouvi-la usando o controle ao final desta página ou então fazendo o download do Mp3 (14,6MB) no link mais abaixo. O tempo de duração é 21:16 minutos. P.S.: Se você ainda não leu a história, sugiro que faça isso antes. Informações extraídas do site dos autores: A árvore de Natal da casa do Cristo [ Uma Leitura Radiofônica do conto de Fiódor Dostoiévski  - 1997 ]. Posso dizer que o interesse maior da peça está numa idéia simples e um tanto arriscada: intercalar a narrativa original de Dostoiévski com depoimentos de meninos de rua da Praça da Sé. Sinceramente, acho o resultado alcançado muito interessante:  uma fusão intuitiva e experimental de ficção e do...

Dostoiévski: A árvore de Natal na casa do Cristo

Imagem
Abaixo um pequeno conto de Dostoiévski, tão curto quanto intenso. Havia num porão uma criança, um garotinho de seis anos de idade, ou menos ainda. Esse garotinho despertou certa manhã no porão úmido e frio. Tiritava, envolto nos seus pobres andrajos. Seu hálito formava, ao se exalar, uma espécie de vapor branco, e ele, sentado num canto em cima de um baú, por desfastio, ocupava-se em soprar esse vapor da boca, pelo prazer de vê-lo se esvolar. Mas bem que gostaria de comer alguma coisa. Diversas vezes, durante a manhã, tinha se aproximado do catre, onde num colchão de palha, chato como um pastelão, com um saco sob a cabeça à guisa de almofada, jazia a mãe enferma. Como se encontrava ela nesse lugar? Provavelmente tinha vindo de outra cidade e subitamente caíra doente. A patroa que alugava o porão tinha sido presa na antevéspera pela polícia; os locatários tinham se dispersado para se aproveitarem também da festa, e o único tapeceiro que tinha ficado cozinhava a bebedeira há dois...

Antes de tentar convencer alguém, lembre-se disso

Imagem
A força de persuasão de um argumento reside, principalmente, na articulação lógica entre suas premissas e sua conclusão. Mas se o argumento é complexo de tal forma que não é possível apresentá-lo em uma conversa informal, o melhor então é não lançar essas conclusões, principalmente se forem polêmicas. É importante ter isso em mente para evitar desgastes em debates infrutíferos. Às vezes estamos tão convencidos da validade de determinado argumento que nos apressamos em apresentar sua conclusão a outras pessoas sem nos dar conta de que o outro não percorreu o mesmo caminho que nós - o caminho que leva das premissas à conclusão. Certas conclusões precisam de todo um livro por trás delas. E às vezes as premissas dessas conclusões já são elas próprias conclusões de outros longos e elaborados argumentos. Por isso é preciso sobriedade antes de apresentar certas ideias que são produto de um longo processo de aprendizado. Pois quando essas ideias, caras a nós por serem fruto de n...

"Gente pobre", o primeiro livro de Dostoiévski

Imagem
Sou suspeito para falar de Dostoiévski. Este é o autor que mais leio, o que mais prende minha atenção e com o qual mais me identifico. Antes de ler Gente Pobre, contudo, estava um pouco apreensivo: o que esperar do primeiro livro de Dostoiévski, escrito quando o autor contava apenas 24 anos? Seria esta obra apenas uma curiosidade, uma peça histórica, digna de ser relançada apenas devido ao nome que o autor viria a construir posteriormente? Não, nada disso. O romance Gente pobre já é o Dostoiévski que conhecemos. Vários dos traços de estilo e dos caracteres que encontramos em obras posteriores já estão presentes ali, não deixando dúvidas de que o que temos nesta obra já é aquele Dostoiévski que no futuro consolidaria seu nome no hall dos grandes escritores de todos os tempos. Gente Pobre pode nos levar das lágrimas de indignação às gargalhadas. Construída como uma crítica social, ela revela, através de uma troca de cartas entre seus protagonistas - uma jovem órfã, Várvara ...