Sou radical só para os superficiais


Algumas pessoas já me disseram que acham minhas posições políticas muito "radicais". Talvez quisessem que eu defendesse reformas moderadas no capitalismo, a conta-gotas, para daqui a mil anos e muitas gerações, quem sabe, alcançar melhorias significativas na vida de todo o povo (o que, no final das contas, é uma ilusão, conforme nos mostra o mundo).

Mas não é nenhum mistério para os marxistas o por que dessas pessoas pensarem assim. Marx demonstrou que são as condições materiais, concretas, econômicas, que determinam a forma como as pessoas pensam. Isso é, a ideologia é um reflexo das condições materiais concretas. (Clique aqui para ver mais sobre isso.)

Assim, pessoas de classe média, pelo fato de não sofrerem com a miséria e tampouco serem ricas, costumam adotar posições sempre "moderadas", "no meio do caminho". Ou seja, suas posições políticas são quase sempre "medianas", assim como sua posição social.

Para elas é muito feio ser "radical". Isso é coisa de fanáticos. Você deve ter algum problema se pensa assim. O correto é ser moderado, estar ora para lá, ora para cá, sempre oscilando, numa falsa busca pelo "equilíbrio".

Mas refletindo um pouco mais sobre isso, percebi que não é que eu seja exatamente "radical", seja qual for o sentido que atribuem a este termo quando me reprovam. Acho que o termo correto seria "profundo".

Ser profundo significa ir às raízes das coisas. É neste sentido que sou radical. O próprio significado do termo "radical" indica isso, algo relativo a "raízes".

Quem não desce até às raízes fica ou na superfícialidade da análise ou sem possibilidades de respostas, estacionado no meio do caminho.

Daí uma das características do método filosófico ser a "radicalidade" (clique aqui para ler sobre isso).

Daí a Psicanálise não poder ser preterida pela farmacologia, pois enquanto a primeira busca as causas, a segunda ataca apenas os sintomas.

E daí, finalmente, a solução da exploração do homem pelo homem, da miséria e da desigualdade ser o Socialismo, e não reformas moderadas no capitalismo.

E analisando isso de uma perspectiva dialética, quem me chama de radical, pelo fato de descer às raízes, só pode dizer isso do ponto de vista de quem está mais acima, na superficialidade. Ou seja, só posso ser radical quando quem me chama assim está mais próximo da superfície do que eu.



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