Às vezes é difícil nos desvencilharmos de algumas heranças do passado, das quais gostaríamos de nos ver livres o quanto antes.
São companhias, assuntos e situações que parecem nos arrastar para um tempo do qual não temos a menor saudade, que poderia ter sido diferente ou simplesmente não ter acontecido.
Certa vez li uma pequena análise sobre a obra "Drácula", de Bram Stoker, que nunca mais esqueci. Talvez por retratar perfeitamente isso que tento explicar.
O autor, Richard Noll, em seu livro O culto de Jung, dizia o seguinte:
"Rei dos vampiros, Drácula é o perfeito horror cultural do fim de século: algo que, embora continue vivo há séculos, ainda assim está morto; um morto-vivo que suga a vitalidade dos vivos, tal como fazia a própria civilização europeia."
Essa é uma imagem perfeita para o que me refiro. Um passado que nos persegue não é nada mais que isso: um morto que permanece vivo e suga nossa energia vital. Um fardo, um parasita, um hospedeiro que vive sobre nossos ombros e que lutamos e sacudimos com violência para lançar ao chão, mas que sempre volta.
Drácula e o passado que não passa
byGlauber Ataide
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Filosofia
Postado por Glauber Ataide
Mestre e bacharel em Filosofia pela UFMG e pós-graduado em Teoria Psicanalítica. Bacharel também em Sistemas de Informação. Acho que o papel da filosofia não é apenas interpretar o mundo, mas também transformá-lo. Me interesso por psicanálise, música erudita, literatura clássica, idiomas e outras coisas que você pode encontrar em meus textos. Faixa preta e praticante de Taekwondo desde a infância. Moro em Nuremberg, na Alemanha.
Figura horrorosamente perfeita e boa!!!
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