Em 1864, o Paraguai era uma nação em franco desenvolvimento. Lá não havia analfabetismo. Os telégrafos se expandiam e a indústria da construção naval prosperava. Este florescimento, além de representar uma ameaça geopolítica ao Brasil - maior potência sul-americana da época -, também ia de encontro aos interesses estrangeiros para o continente.
Para interromper o processo emancipatório e desenvolvimentista dos paraguaios, restou à Inglaterra a via do conflito. E quando se quer fazer guerra, é sempre fácil inventar um motivo. O Paraguai havia anteriormente se aliado à França, o que contrariava os interesses dos ingleses no continente. Além disso, o Paraguai tinha um pacto com o Uruguai, e quando este foi invadido pelo Brasil (que se achou no direito de depor seu governante), o Paraguai veio em seu socorro e a matança teve início. E para ambos os lados.
Num determinado momento, os paraguaios chegam a invadir o estado do Mato Grosso, com uma ofensiva bem planejada, com mais de 30.000 soldados concentrados na região. Provocaram, contudo, a fúria da Argentina ao passar por uma de suas cidades sem permissão, sendo este o estopim para que a Argentina se aliasse ao Brasil contra eles.
Para dar uma ideia da dimensão da carnificina, numa determinada batalham mais de 20 mil paraguaios foram mortos de uma só vez. E o ódio dos soldados brasileiros era tão grande que nem os cavalos do inimigo foram poupados.
Quando, finalmente, a capital paraguaia Assunção foi invadida, os brasileiros saquearam a cidade e levaram até pianos, com os quais eles encheram os porões de dois navios. A ordem de D. Pedro II era acabar com todo mundo, mas o general Caxias lhe escreve dizendo que não queria continuar: “... senão terei que matar o último paraguaio, no ventre da última paraguaia.”
Mas a guerra prossegue, e D. Pedro II manda o seu genro, Luís Filipe Gastão, para substituir Caxias. A fim de novamente conseguir fugir, o presidente paraguaio López tentou um ardil: colocou 10 mil crianças vestidas com o uniforme do exército paraguaio usando barbas de milho e armas de brinquedo. Mas Luís Filipe não teve dó nem piedade. Mandou matar todas as crianças e ainda mandou incendiar o Hospital do Sangue, onde agonizavam os soldados paraguaios.
Resultado: o Paraguai perdeu 2,2 milhões de cidadãos, e o Brasil, 200 mil. O Paraguai se desestabilizou por completo, assim como o Brasil, que não se recuperou nem tão cedo.
REFERÊNCIA
VIEIRA, Cláudio. A história do Brasil são outros 500. São Paulo: Record, 2000.
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