Sócrates e Jesus – o debate

Li recentemente a obra de Peter Kreeft chamada “Sócrates e Jesus – o debate”, da editora Vida Acadêmica. É lugar comum a afirmação de que há muitas semelhanças entre as duas pessoas mais influentes da história do Ocidente, das quais derivam os dois principais segmentos da civilização ocidental: a cultura greco-romana, herança de Sócrates, e a cultura judaico-cristã, herança de Jesus. E foi no intento de encontrar uma leitura comparada desses dois nomes que me debrucei sobre essa obra.

A considerar o título do livro, espera-se encontrar um diálogo fictício entre os dois personagens, ao estilo dos diálogos platônicos. Mas o título em português é enganoso. Jesus não aparece na história. Não há debate algum entre Sócrates e Jesus. O título em inglês – “Socrates meets Jesus” – não causaria tal equívoco.

A história do livro se passa na Universidade de Harvard, ou melhor, “Havalarde” - um trocadilho que Kreeft utilizou para fazer referência a essa instituição. Sócrates aparece, misteriosamente, em um dos corredores da universidade, após tomar a cicuta em sua prisão, 2400 anos antes. Sem saber o que está acontecendo, onde está e por qual razão ali está, ele encontra um porteiro, com o qual trava um pequeno diálogo e depois vai para a rua, onde acaba sendo reconhecido por uma estudante que o acompanhará por todo o livro. Ambos se matriculam no curso de Teologia da universidade, e será durante suas aulas que a maior parte do livro se passará.

A principal coisa que não gostei no livro é o fato dele ser muito apologético. Sócrates é apresentado como um personagem extremamente religioso, o que contrasta com a figura dele legada por Platão. Certamente Sócrates foi um grande mestre moral, e muitas máximas que Jesus expressou já tinham sido anunciadas por ele há mais de 400 anos. Mas Sócrates, o “paradéigma” dos filósofos, não me pareceu muito bem retratado por Kreeft em sua obra. No início da história Sócrates até faz algumas ponderações e aborda temas não ligados a religião, como a cultura ocidental do século XX e o nosso conceito de “progresso”. Mas depois disso, o tema é só religião.

Sabemos que obras de ficção não têm compromisso com a realidade. A própria natureza deste tipo de livro não deve nos deixar iludir quanto a isso. Mas penso que o livro seria melhor se fosse mais verossímil. Pra se ter idéia, Sócrates, nesta história, lê todo o Antigo Testamento em apenas uma semana, assim como o Novo Testamento, na semana seguinte. E o que é mais incrível: com apenas essa leitura, ele é capaz de apresentar argumentos e deixar confusos todos os seus professores, dando aulas de apologética. Suas considerações sobre o mistério da encarnação, a essência de Deus e a ressurreição de Cristo deixariam muitos apologistas contemporâneos boquiabertos. E olha que Sócrates, nesta história, nem ao menos sabia direito o que é o Cristianismo.

E o final da história, ao contrário do que afirma a contra-capa do livro – que “o final é surpreendente” – de surpreendente não tem nada. (Se você pretende ler o livro, pule este parágrafo) É o final mais lugar-comum que se poderia imaginar. Você já imagina qual é, não? Isso mesmo, acertou. Sócrates se torna um cristão no final do livro. É o que o próprio título da obra em inglês deixa transparecer – “Socrates meets Jesus”.

Mas o livro, enfim, é uma leitura interessante, principalmente para quem já teve contato com Sócrates nas obras de Platão. Mas talvez seja bem mais interessante para quem não é um acadêmico de Filosofia, já que não terá muitas das preocupações que eu tive ao criticar a obra. Porém, para mim, não é um livro que mereça uma segunda leitura. Kreeft obteve sucesso até certo ponto em sua empreitada, mas falhou ao apresentar um Sócrates demasiadamente religioso fazendo apologética cristã. Eu esperava um livro mais filosófico. Mas se este livro está em sua lista de leitura, não deixe de ler.

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  1. "Se vc usa esse tanto de cremes não tendo paciência, imagine se tivesse então, rsrsrsrs."

    hauahuahau! Não, na verdade não uso! hehehe Eu só dei idéia de quantos produtos tem no mercado, e o tempo que a gente pode gastar passando todos eles. rs Mas não tenho paciência. Até um creminho normal que toda mulher costuma usar eu só lembro uma vez por semana e olhe lá rssss. O que eu gosto mesmo é de maquiagem. Daí tem aquelas mulheres q comprar produtos importados cariiiiissimos... Pra mim produto bom é aquele que é cuspre 80% do que promete e é barato. heheh já é o suficiente..rs

    Nossa, eu assustei com Pantene! Só pra reforçar o que eu disse acima, já usei shampoo e condicionador bem mais caro e que não dava 50% do resultado que pantene dá.. Muito bom mesmo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Deus escreveu dois livros: a Bíblia e a Natureza". A idéia é que tanto a Bíblia quanto o estudo da Natureza (a Ciência) podem nos levar a reconhecer a Sua existência.''

    é por isso que eu gosto da idade média!! XD

    e um dia eu ainda vou ter tantos livros como vc. rs é só meu salario aumentar consideravelmente!!rs

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  4. Idade Média??? Foi a pior era, principalmente para o Ocidente, que foi reprimido por uns mil anos pela religião, queimando pessoas nas praças, enforcando-as.A Idade Média não foi aquelas coisas que você viu quando era criança, um cavaleiro de armadura reluzente.A Idade Média foi tempo de medo e perseguição para o Ocidente.

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  5. Nao vejo proximidade entre Socrates e jesus.Um era filosofo o outro nao.Socrates, portanto nao era dogmatico

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  6. Fui professor de Filosofia para o ensino medio.Achei fantástico o filme, não li o livro, e pelo preço 200 reais, não o comprarei. Tenho feito muita propaganda do filme legendado. De fato, é uma ficção, portanto nenhum compromisso com a realidade. Quanto a ser apologética do Cristianismo, seus argumentos são coerentes. Gostei e recomendó.

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