A palavra “Filosofia”, em sua etimologia, significa “amar (philia) a sabedoria (sophia)”, e denota uma atitude de procura amorosa da verdade. Foi utilizada pela primeira vez por Pitágoras, em resposta àqueles que o chamavam de sábio. Ele respondia exigindo não ser chamado assim, mas apenas de “amante da sabedoria”, isso é, alguém que procura pelo saber, ou seja, um filósofo.
A partir dessa definição etimológica, podemos entender a Filosofia, antes de mais nada, como uma atitude. A Filosofia não implica posse de um corpo teórico de conhecimentos. Ao contrário, ela é uma prática, um exercício do pensar. Immanuel Kant costumava dizer a seus alunos: “Não há Filosofia que se possa aprender, só se aprende a filosofar”. Dessa forma, “a atitude do filósofo é caracterizada pela humildade intelectual de quem convive com a dúvida” (CATANEO, 2008), já que ele não é alguém que detém o saber, mas alguém que está sempre à sua procura. O filósofo é aquele para o qual a realidade é sempre objeto de admiração crítica, de espanto e encantamento.
Outra importante característica da Filosofia é a reflexão. A palavra reflexão vem do verbo latino “reflectere”, que significa “voltar atrás”. Filosofar então significa retomar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, analisar (CATANEO, 2008). É um exercício de raciocínio, uma maneira de se posicionar diante das coisas e fatos do mundo. A reflexão é uma característica imprescindível da Filosofia, e deve ser sempre profunda e crítica.
E a crítica, parte de sua própria essência, é a atitude de “não se conformar com as explicações já fornecidas sobre o nosso mundo”. Conforme Pacheco e Nesi (2007, p.25), “criticar abrange duas características básicas: questionar os fundamentos, as idéias, as causas e os efeitos de um fenômeno; julgar estes fundamentos ou idéias como aceitáveis ou não”.
A Filosofia que tentamos até agora definir é a chamada Filosofia formal. Mas cabe aqui dizer algo também sobre um tipo de Filosofia chamada informal, praticada por pessoas comuns, dotadas de racionalidade. Essa Filosofia informal é caracterizada por uma busca por respostas tanto para questões mais imediatas do cotidiano como para questões mais elevadas, mas que não tem, no entanto, nenhum compromisso com a lógica, a coerência e o formalismo científico. É a chamada Filosofia vulgar, ou seja, popular, ou do povo (CATANEO, 2008). É uma busca por princípios básicos que possam nortear a vida das pessoas. É somente neste sentido de Filosofia que podemos afirmar que todo homem é um filósofo, pois todo homem busca compreender, de uma maneira ou de outra, a realidade que o circunda.
Mas para que uma reflexão possa ser chamada verdadeiramente de filosófica, é preciso que satisfaça uma série de exigências. Entre elas, Saviani (2002) destaca três:
1) Radicalidade – A Filosofia exige que a questão a ser analisada seja colocada em termos radicais. Quer dizer, é preciso que se vá até as raízes, até seus fundamentos, ou seja, uma reflexão em profundidade;
2) Rigorosidade – Deve-se proceder à reflexão com rigor, ou seja, sistematicamente, segundo métodos determinados;
3) Totalidade – A questão não pode ser analisada de modo parcial, mas numa perspectiva de conjunto, relacionando-a com os demais aspectos do contexto em que está inserida.
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