William Lane Craig e a historicidade da ressurreição de Jesus Cristo


"Se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa fé. (1 Coríntios 15:17)"

A ressurreição física de Jesus é um evento crucial da fé cristã, como atesta o versículo acima. Haveria, contudo, alguma evidência histórica que poderia confirmar ou contestar o relato bíblico?

Não pretendo fazer um tratamento exaustivo do assunto, mas apenas abordar alguns aspectos da discussão, baseando-me principalmente no trabalho do filósofo Dr. William Lane Craig. Para um tratamento menos lacônico, recomendo a bibliografia ao final deste texto.

Prelimares: uma metologia de pesquisa

Em primeiro lugar, devemos ter em mente que uma discussão como esta é de natureza histórica. O historiador deve tentar reconstruir o curso do passado, baseando-se, para isso, em evidências. O passado já passou, não está mais disponível aos 5 sentidos, não pode ser levado a um laboratório e ser experimentado. Assim, o material que um historiador usa para reconstruir o passado é principalmente de dois tipos: relatos de testemunhas e artefatos arqueológicos. Mas para avaliar o material que ele tem em mãos e afirmar o que provavelmente ocorreu no passado, ele deve seguir uma metodologia.

Antes de fazer uma exposição positiva da ressurreição de Jesus, é necessário que estejamos familiarizados com uma metodologia de pesquisa utilizada pelos historiadores para decidir qual, dado um conjunto de hipóteses, explica melhor um conjunto de dados de que dispomos. Essa metodologia é conhecida como inferência para a melhor explicação.

Nessa abordagem, somos confrontados com certos dados a serem explicados. Assim, reunimos um grupo de alternativas coerentes, que consiste nas várias explicações para os dados em questão. Do grupo, selecionamos a explicação que, se verdadeira, melhor explica os dados. Entre os critérios geralmente admitidos estarão propriedades como as seguintes:

1)Escopo explicativo: a melhor hipótese esclarecerá uma extensão mais ampla de dados do que as hipóteses rivais.

2)Força explicativa: a melhor hipótese tornará os dados observáveis mais epistemicamente prováveis do que as hipóteses rivais.

3)Plausibilidade: a melhor hipótese deverá ser inferida de uma maior variedade de verdades aceitas (enquanto sua negação, de poucas) do que as hipóteses rivais.

4)Menos ad hoc: a melhor hipótese envolverá menos novas suposições não inferidas do conhecimento existente do que as hipóteses rivais.

5)Concordância com as crenças aceitas: a melhor hipótese, quando em conjunto com verdades aceitas, deverá implicar menos falsidades do que as hipóteses rivais.

6)Superioridade comparativa: a melhor hipótese excederá suas rivais ao satisfazer as condições de (1) a (5) de tal modo que haja pouca probabilidade de uma hipótese rival excedê-la no preenchimento dessas condições.

A teoria neodarwinista da evolução biológica é um bom exemplo de inferência para a melhor explicação.

Se você não compreendeu muito bem o que essa metodologia tem a ver com nosso assunto, não se preocupe. Ao término deste texto você entenderá melhor o que acabou de ler.

A ressurreição: uma exposição positiva

Como já afirmei anteriormente, o historiador deve trabalhar com evidências para tentar reconstruir o curso do passado. Essas evidências são principalmente de dois tipos: relatos de testemunhas e artefatos arqueológicos. No caso da ressurreição de Jesus, a principal evidência do historiador são relatos de testemunhas. Esses relatos são as quatro biografias de Jesus que chegaram até nós e que foram incluídas no cânon cristão, a saber: os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.

No entanto, é importante salientar que não se pressupõe aqui que estes relatos sejam verdadeiros. Muitas pessoas cometem o erro de afirmar que essa abordagem seria um pensamento circular, pois eu estaria usando a bíblia para provar a própria bíblia, o que não é verdade. Essas quatro biografias sobre Jesus (Mateus, Marcos, Lucas e João) não estão sendo consideradas como verdadeiras ou inspiradas por Deus. Antes, estão sendo consideradas como qualquer documento oriundo da antiguidade.

Na busca pelo Jesus histórico, a maioria dos historiadores contemporâneos do NT estabeleceram alguns fatos como que pertencentes à figura histórica de Jesus, e dentre eles estão os seguintes que interessam a essa discussão:

1) O sepultamento de Jesus por José de Arimatéia;
2) A descoberta do túmulo vazio;
3) As aparições post mortem de Jesus;
4) A origem da fé cristã

Vamos analisar algumas das razões que levaram os historiadores a considerarem como históricos esses quatro fatos.

Fato nº 1: Sobre o sepultamento de Jesus por José de Arimatéia

Os historiadores estabeleceram esse fato baseados nas seguintes evidências:

1.1) O sepultamento de Jesus é multiplamente atestado em fontes primitivas e independentes. O relato do sepultamento é parte do material usado por Marcos para escrever sobre o sofrimento e a morte de Jesus. Além disso, Paulo também cita fontes extremamente primitivas que a maioria dos pesquisadores datam de apenas 5 anos após a crucificação.

1.2) Como um membro do sinédrio judeu que condenou Jesus, é improvável que José de Arimatéia seja uma invenção cristã. Havia uma compreensível hostilidade da igreja primitiva em relação aos líderes judeus. Aos olhos dos primeiros cristãos, eles tinham planejado o assassinato judicial de Jesus. Assim, de acordo com o pesquisador Raymond Brown, o sepultamento de Jesus por José de Arimatéia é “muito provável”, desde que é “quase que inexplicável” por qual razão os cristãos iriam inventar uma história sobre um membro do sinédrio que faz o que é correto em relação a Jesus.

Segundo John A.T. Robinson, da Universidade de Cambridge, o sepultamento de Jesus em seu túmulo “é um dos mais primitivos e bem atestados fatos sobre Jesus”.

Fato nº 2: O túmulo de Jesus foi encontrado vazio, e por um grupo de mulheres

Entre as razões que levaram a maioria dos estudiosos a concluir esse fato como histórico se encontram as seguintes:

2.1) A tentativa de explicação do túmulo vazio por parte dos próprios oponentes do cristianismo indica sua veracidade. “O Dr. Paul Maier diz: ‘Onde o Cristianismo começou? A resposta deve ser: apenas em um ponto da terra: a cidade de Jerusalém. Mas este seria o último lugar em que poderia começar, se o túmulo de Jesus permanecesse ocupado, desde que alguém, exibindo um Jesus morto, poderia ter desferido um golpe direto no coração do cristianismo incipiente, inflamado por sua suposta ressurreição. A explicação oficial – de que os discípulos tinham roubado o corpo – foi uma admissão de que o sepulcro estava realmente vazio.'”

Quando os discípulos começaram a pregar sua mensagem, os judeus não disseram “o corpo está lá no túmulo!” ou “os discípulos estão loucos!”, mas sim que “os discípulos roubaram o corpo”. A evidência do próprio adversário atesta a historicidade do túmulo vazio.

2.2) A história é simples, não tem traços de contos mitológicos, lendários. Isso se torna evidente ao comparar o relato de Marcos com o relato contido no evangelho de Pedro que, ao contrário, é um bom exemplo de floreio mitológico no relato da ressurreição. Contos mitológicos são coloridos por toda sorte de motivos teológicos.

2.3) A própria idéia que o conceito de “ressuscitado” encerra, exclui a possibilidade de um corpo no túmulo. Um judeu do século 1º nunca poderia pensar numa ressurreição assim. Seria impossível um movimento baseado na ressurreição de um homem que jazia em seu túmulo.

2.4) O túmulo foi descoberto vazio por mulheres. Na sociedade patriarcal judaica o testemunho de mulheres não era considerado. De fato, Josefo afirma que às mulheres não era nem mesmo permitido servir de testemunha numa corte judaica. À luz desse fato, é impressionante o fato de que foram mulheres que descobriram o túmulo de Jesus vazio. Qualquer relato lendário iria certamente fazer com que discípulos homens como Pedro e João descobrissem o túmulo vazio. O fato de que mulheres e não homens foram as principais testemunhas do túmulo vazio é melhor explicado pelo fato de que realmente foram mulheres as principais testemunhas, e os escritores da biografia de Jesus fielmente registraram o que, para eles, era extremamente embaraçoso.

Fato nº 3: Em diferentes ocasiões e em diferentes circunstâncias, diferentes indivíduos e grupos de pessoas experimentaram aparições de Jesus.

Este é um fato reconhecido virtualmente por quase todos os estudiosos da área, e dentre as razões que os levaram a essa conclusão estão as seguintes:

3.1) Essas aparições são bem documentadas em antigas tradições cristãs (1 Coríntios e Gálatas). Há relatos de que diferentes pessoas viram Jesus, e isso consta em fontes múltiplas e independentes, o que é um critério para se definir a veracidade de um fato histórico (vale lembrar que as cartas de Paulo e os evangelhos são fontes múltiplas, não uma unidade).

3.2) A lista que Paulo faz das testemunhas oculares das aparições. Dado que a data dessa informação é extremamente primitiva (Coríntios é datada de 55 a.D.), essa lista de Paulo é um convite implícito para que os destinatários de sua carta confirmem o que ele está falando, dado que inúmeras testemunhas ainda estavam vivas em torno do ano 55 a.D.. Um adolescente que tinha 15 anos quando Jesus foi crucificado, por exemplo, nesta época estaria ainda com 40 anos de idade.

3.3) As narrativas das aparições nos evangelhos são de fontes múltiplas e independentes.Por exemplo, a aparição a Pedro é atestada por Lucas e Paulo; a aparição aos Doze é atestada por Lucas, João e Paulo; e a aparição às mulheres é atestada por Mateus e João. Até mesmo o cético crítico do Novo Testamento, Gerd Ludermann, conclui que “pode ser tomado como historicamente certo que Pedro e os discípulos tiveram experiências após a morte de Jesus nas quais ele lhes apareceu como o Cristo ressuscitado.”

Quanto à confiabilidade dos registros de que dispomos sobre essas aparições, Josh MacDowell afirma: “Os eruditos são virtualmente unânimes em aceitar que a primeira carta de Paulo aos Coríntios, assim como outras cartas que ele escreveu, são anteriores à forma acabada dos relatos do evangelho. Tanto Gálatas (escrita provavelmente em 48 ou 49 a.D., de Antioquia da Síria) como 1 Tessalonicenses (escrita mais provavelmente em 50 ou 51 a.D., de Corinto) contêm declarações claras de que Deus levantou Jesus dentre os mortos.”

1 Coríntios 15:3-8:

3 Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras,
4 E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
5 E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze.
6 Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também.
7 Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos.
8 E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo.

Sobre esse texto de 1 Coríntios, MacDowell afirma que “os eruditos não viram, nessa passagem, as palavras de Paulo, mas um relatório muito antigo que foi, de fato, ‘recebido’ das primeiras testemunhas.”

Em vista do testemunho anterior de Paulo sobre a ressurreição de Jesus, qualquer argumento alegando que este evento não passava de uma lenda é inconcebível. As lendas se desenvolvem no correr de muitas gerações e séculos, e não no espaço de alguns anos.

Fato nº 4: Os discípulos originais repentinamente e sinceramente passaram a acreditar que Jesus havia ressuscitado, apesar de terem toda predisposição ao contrário.

Pense na situação que os discípulos enfrentaram após a morte de Jesus:

4.1) Seu líder estava morto. As expectativas messiânicas judaicas não tinham a menor idéia de um Messias que, ao invés de triunfar sobre os inimigos de Israel, seria vergonhosamente executado como um criminoso.

4.2) As crenças judaicas de uma vida após a morte eram extremamente contrárias à idéia de alguém ressuscitando para a glória ANTES da ressurreição geral dos mortos e no FIM dos tempos. Mas, mesmo assim, os discípulos originais vieram a crer fortemente que Jesus havia ressuscitado. O que nesse mundo os levou a crer numa idéia tão anti-judaica?

Além disso, o cristianismo nunca poderia ter surgido sem o evento histórico da ressurreição física de Jesus. O que originou essa crença se a ressurreição não aconteceu? Seria o que diz a teoria da conspiração? Seria o que diz a teoria da alucinação? Seria o que diz a teoria da síncope? Seria o que diz a teoria do irmão gêmeo de Jesus (que diz que esse irmão gêmeo foi separado dele ao nascer e que depois surgiu em cena justamente quando Cristo morreu, gerando a falsa impressão de que Jesus havia ressuscitado)?

Juntando os fatos

É importante aqui salientar que não há nada de sobrenatural nos 4 fatos expostos acima. Não há nada demais em afirmar que o túmulo de Jesus foi encontrado vazio, por exemplo. Este fato por si só não é sobrenatural. Porém, o que é sobrenatural no argumento que apresento é a explicação desses 4 fatos, a saber: que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos.

Seguindo agora os seis passos da metodologia de inferência para a melhor explicação, a hipótese de que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos:

1) Tem maior escopo explicativo, pois explica, entre outros fatores, por que o túmulo foi encontrado vazio, por que os discípulos viram as aparições de Jesus, por que a fé cristã se originou, etc;

2) Tem maior força explicativa, pois explica, entre oturos fatores, por que o corpo de Jesus sumiu, por que várias pessoas repetidamente viram aparições de Jesus depois de sua execução pública, etc;

3) É mais plausível, pois dado o contexto histórico da vida de Jesus, a ressurreição serve como uma confirmação de suas radicais afirmações sobre si mesmo;

4) Não é ad hoc, pois ela requer apenas uma hipótese adicional, que é a hipótese de que Deus existe (o que nem mesmo seria uma hipótese adicional para quem já crê em Sua existência);

5) Está de acordo com as crenças aceitas, pois a hipótese de que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos de forma alguma entra em conflito com a crença aceita de que as pessoas não voltam à vida NATURALMENTE.

6) A hipótese de que Deus levantou Jesus dentre os mortos supera em todos os itens anteriores suas hipóteses rivais.

Assim, de acordo com a metodologia de inferência para a melhor explicação, o que melhor explica esses quatro fatos sobre Jesus é a hipótese de que Deus O ressuscitou dentre os mortos.

Veja, por exemplo, a hipótese da ressurreição de Jesus em contraste com a teoria da alucinação. Essa teoria tenta explicar as aparições de Jesus como "alucinações" que os discípulos tiveram e que originaram a crença de que ele havia ressuscitado. Porém, pela metodologia de inferência para a melhor explicação, essa teoria é menos plausível pois ela 1) tem menor escopo explicativo, pois não explica o fato do túmulo ter sido encontrado vazio e 2) tem menor força explicativa, pois é extremamente presunçoso e delicado tentar fazer uma avaliação psicológica de determinadas pessoas em determinadas situações que ocorreram há quase 2000 anos atrás, além de ser implausível o fato de várias pessoas terem a mesma alucinação ao mesmo tempo.

Podemos comparar também a teoria da ressurreição com a teoria da síncope, que afirma que Jesus não morreu verdadeiramente na cruz, mas que sofreu uma síncope e retornou desse estado já dentro do seu túmulo. Essa teoria tem menor força explicativa, pois:
1) os romanos eram executadores profissionais e se certificavam bem de que o crucificado havia morrido (quebravam suas pernas para acelerar o processo de morte do indivíduo ou o perfuravam na altura do peito para se certificar do óbito, como fizeram com Jesus);
2) ao ficar embalsamado dentro de um túmulo frio, envolto em mortalhas que pesavam em torno de 40 quilos, Jesus certamente morreria em poucas horas se ainda não estivesse morto.

Assim, é simplesmente fantástico que Jesus conseguisse se desfazer dessa mortalha, rolar a pedra do túmulo (que, segundo especialistas, pesava de 1,5 a 2 toneladas) , se desfazer da guarda romana e depois, desesperadamente precisando de cuidados médicos, aparecesse aos seus discípulos como o senhor da vida e os convencesse de que havia ressuscitado.

Qualquer teoria alternativa à ressurreição de Jesus deve explicar adequadamente a existência dos quatro fatos que citamos anteriormente, a saber: 1) o sepultamento de Jesus por José de Arimatéia, 2) a descoberta do túmulo vazio, 3) as aparições de Jesus e 4) a origem da fé cristã.

A hipótese de que Deus levantou Jesus dentre os mortos explica melhor do que todas as hipóteses rivais esses quatro fatos, e as supera em todos os requisitos da metodologia de inferência para a melhor explicação.

P.S.: Para um tratamento mais extenso do assunto, recomendo o livro "The resurrection of the son of God" (sem tradução para o português), de N. T. Wright, e vários debates e palestras em mp3 (que podem ser encontradas gratuitamente pela web) do Dr. William Lane Craig, que tem feito um maravilhoso trabalho em seus debates sobre a ressurreição de Jesus.

BIBLIOGRAFIA

MORELAND J.P.,CRAIG William Lane. Filosofia e cosmovisão cristã, 1ª ed. São Paulo. Edições Vida Nova, 2005. 788 p.

MacDowell, Josh. Ele andou entre nós, 1ª ed. São Paulo. Editora Candeia, 1999, 392 p.

MacDowell, Josh. As evidências da ressurreição de Cristo, 3ª ed. São Paulo. Editora Candeia, 1999, 235 p.

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. ___ São Paulo.Editora Cia das Letras, 1998, 560 p.

NOLT, John. ROHATYN, Dennis. VARZI, Achille. Schaum’s Outlines of Theory and Problems of Logic, 2nd ed. New York:McGraw Hill, 1998.

STROBEL, Lee. Em defesa da fé, 1ª ed. São Paulo:Editora Vida, 2002. 362 p.

William Lane Craig - Evidence for the resurrection (MP3)http://www.euroleadershipresources.org/resource.php?ID=15&Tab=AudioDownload

1/Deixe seu comentário

  1. Bem que você falou que encontraria coisas que não correspondem mais a suas opiniões.´´A hipótese de que Deus levantou Jesus dentre os mortos explica melhor do que todas as hipóteses rivais esses quatro fatos, e a supera em todos os requisitos de metodologia de inferência para a melhor explicaçao´´. Tenho a impressão de que não e mais assim que você pensa, eim? rsrsrsrsrsrsrs!

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