Notas sobre a homossexualidade em Freud

A homossexualidade, para Freud, não é nenhum tipo de “desvio” de comportamento ou doença. Para o pai da psicanálise, todos os seres humanos são originariamente bissexuais, e “a psicanálise permite-nos apontar para um vestígio ou outro de uma escolha homossexual em todos os indivíduos”.

A homossexualidade é muito mais comum e natural do que poderiam suspeitar os conservadores. No artigo O caso Schreber, Freud afirma que “de modo geral, todo ser humano oscila, ao longo da vida, entre sentimentos heterossexuais e homossexuais.” 

Este mesmo ponto de vista é reafirmado em A psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher: “Em todos nós, no decorrer da vida, a libido oscila normalmente entre objetos masculinos e femininos”. Mais adiante, ele continua: “A psicanálise possui uma base comum com a biologia, ao pressupor uma bissexualidade original nos seres humanos”. 

O que definirá a preponderância da chamada “escolha objetal” de um indivíduo por pessoas do mesmo sexo não pode ser definido de antemão. Na perspectiva da psicanálise a homossexualidade não é, de forma alguma, “antinatural” ou um “desvio” de qualquer natureza. 

Segundo Freud, “uma medida muito considerável de homossexualismo latente ou inconsciente pode ser detectada em todas as pessoas normais” (isso é, não acometidas por neuroses), e levando em consideração diversas descobertas da psicanálise sobre o assunto, “cai por terra a suposição de que a natureza criou, de maneira aberrante, um “terceiro sexo”.

Em sua experiência clínica, Freud afirma jamais ter passado “por uma só psicanálise de um homem ou de uma mulher sem ter de levar em conta uma corrente homossexual bastante significativa.”

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