Poema: Instrução para Sísifo

Instrução para Sísifo Hans Magnus Enzensberger Não tem perspectiva o que fazes. Bem: tu o compreendeste, admite, mas não te conformes, homem da pedra. Ninguém te agradece; linhas de giz, que a chuva indolente lambe, marcam a morte. Não te regozijes antes da hora, o que não tem futuro não é sucesso. Com trágica própria tuteiam-se monstros, espantalhos, áugures. Cala, fala com o sol dois dedos de prosa enquanto a pedra rola, mas não te deleites com a tua impotência, aumenta de um quintal a ira no mundo, de um grão. Faltam homens que realizem em silêncio o que não tem futuro e arranquem como grama a esperança, seus risos, o futuro, a rolarem, a rolarem sua ira sobre as montanhas. (Trad. Kurt Scharf e Armindo Trevisan) Fonte: Crítica Dialética